O phishing é um dos ataques cibernéticos mais antigos da internet — e continua sendo um dos mais eficazes. Ele não depende de técnicas complexas, mas sim da manipulação psicológica de usuários distraídos ou desavisados. Em sua versão mais avançada, o spear-phishing, os criminosos personalizam a abordagem para atingir alvos específicos dentro das empresas, como diretores financeiros, executivos ou equipes de TI. Para organizações digitais e conectadas, esse tipo de ameaça representa um risco direto à continuidade do negócio. Entender como essas estratégias funcionam, por que são tão bem-sucedidas e de que forma é possível preveni-las é essencial para fortalecer a postura de segurança de qualquer empresa.
O que é phishing?
Phishing é um tipo de golpe cibernético em que criminosos tentam enganar suas vítimas para obter dados confidenciais (como senhas, dados bancários ou pessoais) ou induzi-las a realizar alguma ação perigosa. Normalmente, o atacante se faz passar por uma entidade confiável – como um banco, uma empresa conhecida ou mesmo um colega de trabalho – enviando uma comunicação eletrônica falsa, mas passível de confiança. O canal mais comum é o e-mail, porém golpes de phishing também ocorrem via SMS (conhecidos como smishing), ligações telefônicas (vishing) e até em redes sociais. Em outras palavras, o criminoso “pesca” informações, lançando uma isca digital e esperando que a vítima morda.
Phishing é considerado um dos ataques cibernéticos mais simples e, ao mesmo tempo, mais perigosos e eficazes. Isso ocorre porque o alvo principal desses ataques não é necessariamente uma vulnerabilidade técnica em sistemas, mas sim o fator humano – o “computador” mais vulnerável. Golpes de phishing exploram a confiança e a falta de atenção ou conhecimento das pessoas. Por não exigir técnicas de invasão sofisticadas, os criminosos podem aplicá-lo em larga escala: um único golpista consegue disparar milhares de e-mails fraudulentos com custo quase zero. E basta que uma pequena fração das vítimas caia no engodo para que o ataque seja lucrativo. Não é surpresa que o phishing continue sendo um vetor de ataque predominante nas violações de segurança. Segundo um relatório da IBM, o phishing foi a segunda causa mais comum de violações de dados em 2022. Além disso, dados recentes indicam que 80% dos incidentes de segurança reportados têm origem em ataques de phishing – um número impressionante que evidencia como essa técnica continua funcionando bem para os golpistas.
Por que os ataques de phishing são tão eficientes?
Uma das razões para o phishing ser tão eficiente é a manipulação psicológica. Os e-mails ou mensagens fraudulentas são elaborados para parecer legítimos, explorando a confiança inerente que as pessoas têm em comunicações online aparentemente verdadeiras. Os golpistas costumam usar linguagem de urgência ou medo, como avisos de que sua conta será fechada, ou que você precisa atualizar uma senha imediatamente. Esses gatilhos emocionais fazem com que usuários, muitas vezes preocupados ou distraídos, reajam sem pensar duas vezes. Além disso, os criminosos se aproveitam da falta de conhecimento ou treinamento em segurança de muitos usuários. Infelizmente, uma parcela significativa de funcionários nunca recebeu treinamento de conscientização sobre phishing. Isso significa que muitos não sabem reconhecer os sinais de um e-mail malicioso, tornando-se alvos fáceis. Com isso, o phishing explora falhas humanas mais do que falhas técnicas, o que o torna tão perigoso.
Outro fator é que os ataques de phishing evoluíram em sofisticação e alcance. Hoje, os golpistas conseguem copiar com perfeição a identidade visual de empresas, falsificar endereços de e-mail (spoofing) e até mesmo personalizar mensagens com informações públicas da vítima (obtidas em redes sociais, por exemplo). Além disso, com o avanço da inteligência artificial generativa, tornou-se mais fácil produzir mensagens persuasivas e críveis em grande volume. Como resultado, os golpes modernos muitas vezes imitam comunicações internas com realismo impressionante, simulando, por exemplo, um e-mail do setor de RH ou do CEO da empresa. Soma-se a isso o contexto do trabalho remoto: nos últimos anos, o número de ataques de phishing disparou aproveitando a nova dinâmica de colaboradores fora do escritório. Estudos mostram que após o início da pandemia, o volume de ataques de spear-phishing aumentou quase sete vezes. Trabalhar em casa, muitas vezes com menos rigor em práticas de segurança e comunicação principalmente via e-mail, deixou usuários mais suscetíveis aos golpes digitais. Consequentemente, mesmo com avanços em ferramentas de proteção, o elo humano continua sendo a principal porta de entrada para invasores. Tudo isso explica por que o phishing permanece tão efetivo: é barato para os criminosos, difícil de bloquear 100% com tecnologia e tira proveito de comportamentos humanos previsíveis.
Spear-phishing: o phishing direcionado e personalizado
Enquanto o phishing tradicional “lança a rede” de forma ampla e genérica, o spear-phishing (ou phishing direcionado) é um ataque mais cirúrgico e personalizado. O termo spear (lança) indica que, em vez de pescar em massa, o golpista escolhe alvos específicos – seja uma pessoa, um departamento ou uma empresa em particular. No spear-phishing, os criminosos conduzem pesquisas prévias sobre a vítima para personalizar a isca. Eles podem vasculhar redes sociais e sites corporativos em busca de informações que tornem a mensagem mais convincente – como nomes de colegas, detalhes de projetos ou cargos internos. Com esses dados em mãos, o atacante envia uma mensagem altamente contextualizada, que muitas vezes parece vir de alguém conhecido ou de uma fonte legítima dentro da organização. Com isso, um golpista pode se passar pelo diretor financeiro da empresa e mandar um e-mail para um funcionário do setor de contas a pagar pedindo uma transferência bancária urgente, ou fingir ser um fornecedor enviando uma “nova” fatura para pagamento. Como a mensagem cita detalhes reais do cotidiano da vítima, a fraude fica muito mais difícil de detectar.
O spear-phishing é extremamente perigoso porque combina engenharia social com informações privilegiadas, aumentando drasticamente a taxa de sucesso do golpe. Diferente do phishing em massa, onde muitos reconhecem erros grosseiros ou desconfiam de remetentes genéricos, no spear-phishing a mensagem passa confiança – afinal, parece um assunto esperado, vindo de alguém de dentro ou de um parceiro da empresa. Não é à toa que esses ataques causam prejuízos enormes. Em muitos casos, o objetivo do spear-phishing é roubar grandes somas de dinheiro ou acesso a sistemas sensíveis, usando a confiança do alvo contra ele mesmo. Há registros de empresas gigantes sendo vítimas: em um caso famoso, golpistas conseguiram furtar mais de US$ 100 milhões do Facebook e do Google por meio de um esquema de spear-phishing que imitava fornecedores legítimos. Além disso, o spear-phishing muitas vezes é a porta de entrada para ataques ainda maiores. Um e-mail direcionado pode induzir um funcionário a baixar um anexo infectado, resultando em infecção por ransomware ou furto de credenciais de alto nível. Por causa de sua natureza direcionada, o spear-phishing também engloba ataques conhecidos como “whaling” ou BEC (Business Email Compromise), quando os alvos são executivos de alto escalão ou áreas financeiras – justamente quem tem poder para autorizar pagamentos ou acesso a informações valiosas. Em suma, o spear-phishing é uma versão mais elaborada e eficaz do phishing, alavancando informação e contexto para enganar até mesmo usuários experientes. Não é de surpreender que análises recentes apontem um crescimento acelerado desses ataques nos últimos anos, dado o retorno alto que proporcionam aos cibercriminosos.
Como se proteger de phishing e spear-phishing
Diante da persistência e evolução desses golpes, proteger-se contra phishing e spear-phishing exige uma abordagem abrangente, combinando pessoas, processos e tecnologia. Em primeiro lugar, investir no treinamento e conscientização dos colaboradores é fundamental. As pessoas precisam aprender a identificar os sinais de um possível phishing: endereços de e-mail estranhos ou parecidos com os originais, erros ortográficos em mensagens supostamente oficiais, solicitações urgentes de dados sigilosos, links suspeitos, entre outros. Programas regulares de treinamento de segurança e até simulações de phishing (envio de e-mails falsos controlados para testar a equipe) são ótimas práticas. Isso ajuda a criar reflexos de desconfiança saudável nos funcionários. Além disso, é importante cultivar uma cultura de segurança entre os colaboradores, na qual todos entendam que fazem parte da defesa da empresa. Equipes bem treinadas saberão questionar comunicações atípicas e reportar rapidamente e-mails suspeitos ao TI, em vez de simplesmente clicar no que aparece na tela. Essa cultura proativa pode evitar muitos incidentes antes que causem estrago.
Do ponto de vista de processos e tecnologia, também há medidas essenciais. Implementar políticas de verificação em dois passos para solicitações sensíveis é uma delas. Se um e-mail pedir uma transferência bancária urgente, deve haver um procedimento interno de confirmar essa ordem por uma segunda via de comunicação (como uma ligação telefônica direta ao solicitante) antes de executá-la. Assim, mesmo que um e-mail de spear-phishing engane alguém, uma simples checagem adicional pode barrar a fraude. Da mesma forma, para alterações de dados de fornecedores ou pedidos incomuns do “diretor”, adote sempre a confirmação por outro canal. Em paralelo, utilize ferramentas de proteção: filtros de spam e antivírus atualizados ajudam a bloquear uma parcela dos e-mails maliciosos antes que cheguem aos usuários; soluções de segurança de e-mail com detecção de phishing hoje empregam inteligência artificial para identificar padrões suspeitos. Protocolos de autenticação de e-mail, como SPF, DKIM e DMARC, também podem reduzir a chance de criminosos falsificarem domínios da sua empresa, evitando o spoofing de e-mails do seu próprio domínio. Outra camada importante é a autenticação multifator em sistemas críticos. Assim, mesmo que um usuário sem querer revele sua senha em um phishing, o invasor não conseguirá acesso apenas com a senha vazada. Mantenha todos os softwares e sistemas atualizados e aplique correções de segurança, pois muitos ataques de phishing veiculam malwares que exploram falhas já conhecidas.
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